domingo, 14 de junho de 2015

Fotografia colorida

O Paiva está fazendo um curso de fotografia bem bacana. Aprendeu coisas interessantes como fotometria, ISO, diafragma, obturador, light painting e diversas dicas sobre composição, regra dos terços, ponto de ouro e assim por diante. Ainda não aprendeu a fotografar nada, mas está tentando com dedicação.

Ontem a aula foi sobre Pin Hole e revelação. O Paiva produziu a sua própria câmera fotográfica, usando lata de Nescau, latinha de alumínio, tesoura, agulha, lixa, papel preto e fita isolante. O professor comprou papel fotográfico e os químicos necessários para a revelação e a fixação da imagem, que foi produzida em preto e branco.


O modelo foi o próprio Paiva, que teve que ficar imóvel durante vários segundos, fazendo pose olhando para uma lata, enquanto outras 10 pessoas ajudavam a operar a câmera/lata, controlar o tempo, etc, etc...

Depois, laboratório de revelação, expectativa, curiosidade e o resultado, bastante positivo para a primeira tentativa, lembrando que foi uma fotografia produzida de maneira totalmente artesanal: 


Aula finalizada, alegria com o resultado, o Paiva voltou para casa. Feliz e saltitante, mostrou a obra de arte para o afilhado Mateus (5 anos), que já frequentou estas páginas em outras oportunidades, que olhou atentamente para a foto, devolveu para o padrinho e foi preciso na análise:

FICOU BOM. AGORA PRECISA PINTAR !!!!


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

BINHO PAIVA

Faz tempo que o blog não publica causos, não porque eles não existam, mas apenas por preguiça de registrá-los na nuvem e compartilha-los com meus fiéis seguidores. Gostaria que o retorno fosse causado pelo fim dessa preguiça pantaneira, mas infelizmente está sendo por um motivo bem mais grave: a morte prematura e inesperada de um dos principais inspiradores e/ou protagonistas de diversos causos, meu pai Binho Paiva.



Se a tristeza pela partida é inevitável, o jeito é tentar reduzi-la registrando alguns causos exclusivamente dele, como o próprio apelido.

O nome escolhido pelos meus avós para batizar o primeiro filho homem era Roberto, mas meu pai veio ao mundo em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, em que os diversos países "Aliados" combatiam os três países pertencentes ao "Eixo", que eram Itália, Alemanha e Japão. Ocorre que a primeira sílaba das capitais desses países formavam exatamente o nome Roberto, o que poderia ser considerado uma provocação, uma afronta, uma defesa dos inimigos do Brasil na época.

                Itália                   -->          ROMA                -->          RO
                Alemanha           -->          BERLIM              -->          BER
                Japão                  -->          TÓQUIO             -->          TO

Temendo represálias a um nome "suspeito", o jeito encontrado pelos meus avós foi mudar para "Rubens" e deixar "Roberto" para o próximo filho, que nasceu quando a Guerra já havia acabado e não havia mais risco de serem mal interpretados. Por esse causo, meu tio virou Beto e meu pai passou de Rubens para Rubinho e daí para Binho. E foi Binho até o fim da vida.

E foi como Binho que ficou conhecido na família, no círculo de amigos, nos clubes que frequentou e no trabalho. Haviam algumas pequenas variações, como tio Binho ou tio Rubinho na família ou "seu" Binho, que era como alguns dos meus amigos o chamavam, misturando a formalidade do "senhor" com o conhecido apelido carinhoso, mas o normal era apenas Binho.

Durante algum tempo, quando se tornou chefe da agência do banco em que trabalhava, tentou impor algum respeito e passou a atender o telefone identificando-se como "Rubens". Os clientes tratavam-no formalmente nesses casos, até que chegavam à agência e procuravam pelo tal Rubens. Quando indicavam o meu pai, a saudação era imediata: "Ô Binho, você que me atendeu !!!?!!! Que bom, o assunto é o seguinte...". Em pouco tempo ele desistiu de tentar impor o nome completo e adotou o Binho pelo qual era muito mais conhecido.

Outra coisa engraçada é que em Amparo existiam dois Rubens Paiva. Embora ambos tivessem um outro sobrenome, os dois eram conhecidos apenas como Binho Paiva. Sorte que a lista telefônica da cidade tinha o endereço também, então após algumas ligações erradas, o pessoal ia se acostumando. Convém lembrar que estou falando de uma época pré-celular e agendas eletrônicas, em que o jeito para descobrir o telefone de alguém era pesquisando na lista em papel mesmo.


Vai com Deus, Binho. Espero poder sempre honrar teu nome. Obrigado por ser para sempre o meu pai.


domingo, 22 de junho de 2014

O Terminal

Ontem me senti assistindo novamente ao filme O Terminal, de 2004, aquele em que o Tom Hanks chega aos Estados Unidos, o país de onde ele veio sofre um golpe de Estado e ele é obrigado a ficar no aeroporto de Nova York sem poder entrar nos USA nem voltar para o seu país. Aconteceu parecido enquanto eu dava plantão na fronteira terrestre entre Brasil e Bolívia, ontem.



Sim, ontem, sábado, para os engraçadinhos que adoram rir dos meus descansos mas não sabem das minhas horas de trabalho.

Passava um pouco das 18 horas quando um casal aparentemente de gringos procurou a RFB para saber o que fazer a respeito da imigração (responsabilidade da Polícia Federal, não da Receita Federal, mas nas fronteiras normalmente os dois órgãos são muito confundidos). Eles haviam saído da Bolívia, carimbado normalmente os passaportes, mas não podiam dar entrada no Brasil porque a PF já havia encerrado as atividades naquele horário.

A sorte é que apenas a mulher é alemã, o rapaz é brasileiro, então pelo menos a comunicação foi fácil. Difícil foi explicar para a moça que o melhor era ela entrar no Brasil, passar a noite em Corumbá e procurar o posto da PF no dia seguinte, para regularizar a situação. E o medo dela em ser presa no Brasil por entrada ilegal ?! Ela queria passar a noite na ponte entre Brasil e Bolívia, pois na lógica alemã e racional dela, eles não podiam voltar para a Bolívia porque já haviam saído de lá, mas também não podiam entrar no Brasil porque a Imigração brasileira não havia autorizado a entrada deles. Ela queria passar a noite dentro do carro e ainda estava com medo de ser detida.

Após muita conversa para explicar a diferença entre Alemanha e Brasil (e entre Bolívia e Brasil, que também é muito grande mas eu não posso contar sem gerar um incidente diplomático), eu e um colega conseguimos convencê-los a passar a noite em Corumbá e voltar até a fronteira no dia seguinte, sem medo de prisão ou algo do gênero.

O final da história eu não sei com certeza, mas posso dizer que encontrei com o casal hoje pela manhã, andando pela cidade, antes de voltarem à fronteira para regularizarem a situação. Conversei com eles e a alemã estava feliz da vida por ter aproveitado a Festa Junina de Corumbá sem ser presa.


sábado, 31 de maio de 2014

Indenização ou Resgate ?


Final da Copa das Confederações de 2013, Brasil e Espanha se enfrentando no Rio de Janeiro e a galera reunida para fazer um churrasco antes do jogo. Comida, bebida, conversa fiada, risada... tudo o que se deseja numa tarde animada entre amigos.

Todo mundo alimentado, carvão apagado, música desligada para acompanhar o jogo. Brasil 3 x 0 Espanha. Vitória incontestável da seleção canarinho sobre a "Fúria", campeã do mundo! Vamos recomeçar o churrasco, é claro !

Mas era necessário dar um reforço na cerveja e no gelo, afinal o jogo durou apenas 90 minutos, mas o churrasco estava partindo para a prorrogação. Professor, o dono da casa, resolveu sair para comprar as coisas que faltavam, mas como estava alguns graus de cerveja acima do permitido, Michel - o Bonitinho - foi com ele para fazer companhia. E eis que deu-se o acidente.

Professor, ao manobrar na frente da loja de conveniência, subiu com a caminhonete sobre o capô de um carro que estava estacionado atrás. O proprietário do carro exige uma indenização, é claro, ameaça chamar a polícia acusando o Professor de estar bêbado e aquela situação toda que só quem já se envolveu em acidente - leve - de trânsito sabe como é.

Conversa vai, conversa vem, o Professor oferece R$ 500,00 para consertar o capô amassado e riscado do carro e resolver o problema ali mesmo. Os olhos do motorista brilham, porque o carro é tão velho e tão caindo aos pedaços que é capaz dele conseguir trocar o veículo inteiro com essa grana, e aceita a oferta de indenização na mesma hora. Mas se recusa a receber em cheque; só aceita dinheiro vivo.

O Professor diz então que vai até o caixa eletrônico e volta com o dinheiro, mas o dono do carro, desconfiado, exige que o Professor deixe uma garantia. E qual a garantia que ele oferece? O nosso amigo Michel, que aceita ficar de "refém" enquanto o Professor vai sacar o dinheiro. Ou seja, o que era para ser uma indenização de acidente de trânsito acabou virando um pagamento de resgate!

Sorte que o Professor tinha os R$ 500,00 no banco e, apesar de toda a cerveja, lembrou de ir resgatar o amigo, antes de voltarem para a casa com as compras. A história deixou a prorrogação do churrasco muito mais divertida. E, ainda melhor, a indenização - ou o resgate - nem entrou na vaquinha para pagar as despesas.


sábado, 24 de maio de 2014

O Teste da Bacia

O Paiva viajava muito a trabalho, ficava dois, três dias fora e algumas vezes a semana toda. Mas (quase) sempre passava os finais de semana em casa e nesses finais de semana aproveitava para encontrar a turma, organizar algum jantar ou participar de algum churrasco. E nesses encontros sempre estava presente o amigo mais palhaço do Paiva, que adorava provocar a esposa ciumenta sobre as viagens do marido.

Até que ele divulgou o Teste da Bacia.


A recomendação era simples. A esposa do Paiva deveria comprar uma bacia grande, daquelas de alumínio que as lavadeiras de beira de rio usavam, e deixar preparada para os dias que o marido voltasse das viagens. Deveria colocar água até a metade, mais ou menos, e garantir que não estivesse nem muito quente, nem muito fria. E quando o Paiva chegasse, ele deveria tirar a roupa e se sentar pelado dentro da bacia, na água, para fazer o teste.

A conclusão era simples: se "as partes" afundassem, sinal que estavam cheias e não havia com o que se preocupar. Mas se boiassem... sinal que os "recipientes" tinham sido usados e estavam vazios, indício mais que suficiente para uma bela discussão, no mínimo.

Será que foi por isso que o Paiva passou a andar com pedacinhos de chumbo dentro dos bolsos ?!?!




segunda-feira, 19 de maio de 2014

Suco de Fruta Baiano

Parece aquela piada do sujeito que entrou em um restaurante na Bahia e pediu um suco de laranja sem açúcar, insistindo para que o garçom trouxesse SEM AÇÚCAR, e 45 minutos depois vem um suco com um monte de açúcar no fundo do copo. Chama o garçom de volta e reclama da demora e que o pedido veio errado. O garçom dá aquela olhada preguiçosa no copo e fala com toda a mansidão baiana, de quem não está com nenhuma disposição de trocar o copo:

"Faça o seguinte meu rei, não mexe no fundo não"

Pois aconteceu bem parecido em uma pousada que o Paiva ficou hospedado. Como foi o primeiro a chegar no restaurante para o café, a garçonete perguntou qual suco ele queria, oferecendo laranja, caju, cajá, umbu, cacau e manga. O Paiva escolheu manga.

O suco foi servido razoavelmente rápido e estava gostoso. Enquanto tomava o suco e o restante do café, apareceu um casal no restaurante e a garçonete foi atender. Levou as comidas, o leite, o café e dois copos de suco de manga. A moça do casal fez uma cara feia e o maridão questionou se não tinha suco de outras frutas, ao que a garçonete respondeu:

"Tem sim, mas é que o de manga eu já fiz, tá pronto". E deu as costas sem mais cerimônia.

O Paiva deu risada baixinho e ficou com vontade de orientar o casal a chegar mais cedo no dia seguinte, mas vai que eles seguem a dica e escolhem um sabor que o Paiva não gosta.



segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dicionário Infantil

Quando os bebês começam a falar, os adultos que convivem com essas crianças tornam-se adivinhos e tradutores, esclarecendo (nem sempre) as palavras e frases incompreensíveis para os adultos mais distantes. Eles trocam letras, erram na concordância, na pronúncia e assassinam a lógica, mas se fazem entender pelos sons e pelo charme de só quem está aprendendo a se comunicar consegue transmitir. Algumas das pérolas dos bebês na vida do Paiva:

  • bejo - baço:  beijo e abraço (maneira nem sempre sutil de encerrar a conversa)
  • boneide:  band-aid
  • detupa:  desculpa
  • Estados dos Nidos: Estados Unidos
  • madinha: madrinha
  • madrrrrinha: madrinha
  • Mato Gosso: lugar longe, onde mora o padrinho, e onde só é possível chegar de avião, depois de atravessar um rio bem grandão
  • música portuguesa: música brasileira (cantada em português, claro)
  • neguá: lugar
  • quiaquinis: dinossauro herbívoro (?!!?!!)
  • quininho: pino pequeno
  • quinininho: pequenininho
  • pepichupi: catchup
  • pi: padrinho (?!?)
  • repângalo: relâmpago
  • 1, 2, 3, 7, 9, 11: novo sistema decimal

A maior parte dessas palavrinhas mágicas foi proferida pelo afilhado Mateus, mas tem criação da afilhada Mirela também.