terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Trocando as Bolas

Na hora que a loiraça entrou no cartório eleitoral, tornou-se o foco de todos os olhares de quem esperava para ser atendido. As cadeiras eram incômodas, a temperatura desregulada, não havia revista para ler e toda hora a atenção era desviada das telinhas dos celulares para a telona do monitor de chamadas, portanto a presença de uma figura tão singular chamou mesmo a atenção de todos.

Em razão do tipo de serviço que ela solicitou na triagem, nem teve que esperar muito e foi chamada rapidamente. E entrou toda rebolativa na área das mesinhas destinadas ao atendimento, dominando o ambiente também dos funcionários. Especialmente do servidor que a estava chamando, solteiro e há diversos dias longe de casa, que começou a salivar com vontade vendo a presa se aproximar. "Essa é do meu número" foi o primeiro pensamento que lhe passou pela cabeça.

A apresentação foi curta, apenas um "bom dia" protocolar, insuficiente para descobrir a idade, o estado civil e outras coisas que o atendente estava interessantíssimo em saber. Mas, até aí, tuuuudoo bem.

O serviço solicitado era bem simples, correção de nome no título de eleitor, atividade que se faz com base no documento de identidade ou certidão de nascimento. Mas ao invés de entregar um desses documentos, a loirona entregou uma decisão judicial. Incompreensão no ar... Mas como decisão judicial é coisa séria, o servidor resolveu prestar atenção na papelada.

Mas só conseguiu prestar atenção no primeiro parágrafo, depois disso perdeu completamente o rebolado. O serviço solicitado estava correto, a decisão era mesmo para correção de nome. A loiríssima passou a se chamar Beatriz, livrando-se de vez do nome original de fábrica: Waldemar !!!!!!

Difícil para o funcionário foi voltar a trabalhar depois do susto, desiludido com a surpresinha proporcionada pela "Bia" e incomodado com a zoação dos colegas.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Flores e Cores

E o Paiva tem um afilhado com 3 anos e meio, muito esperto para a idade, como é comum hoje em dia. As crianças parecem que já nasceram com atualização automática de software, têm umas sacadas que a gente não tem nem ideia de onde surgem. A diferença é que o afilhado do Paiva, além de esperto - e bonito, mas isto é outro causo - é meio machista.

Outro dia, o padrinho estava passeando com ele e a madrinha, de carro, e passou por um lugar que tinha um cheiro esquisito no ar, um fedor mesmo. O cheiro vinha da rua, mas a madrinha resolveu fazer uma gracinha e perguntou quem é que tinha feito pum.

O primeiro a se defender foi o Paiva, argumentando que não havia sido ele, porque o seu pum cheirava rosas. É claro que ele estava falando da flor, mas o Mateus não entendeu a ironia e também respondeu rapidinho:

- E o meu cheira a "azuis", porque eu sou homem.

Falar o que, depois dessa ?!?!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Correndo atrás

O Sr. Getúlio era conhecido de toda a agência bancária. Fazia muitos anos que ele ia pelo menos uma vez por semana fazer depósito, saque, pegar talão de cheques, tirar extrato, enfim... uma porção de coisas que poderiam ser feitas no caixa eletrônico mas que o Sr. Getúlio preferia fazer no caixa. Ele dizia que era porque não confiava na tecnologia, mas todos acreditavam que era para ter com quem conversar.

E a vida ia seguindo normalmente, até o dia em que o Sr. Getúlio chegou contando que estava se aposentando, que iria fazer uma viagem rápida com a patroa e depois apenas cuidar dos netos. E pediu para sacar todo o dinheiro que tinha na conta.

O caixa achou estranho, porque ele nunca tinha feito isso, sempre sacava mais ou menos a mesma quantia, suficiente para a semana, e tirar tudo de uma vez não era normal. E pareceu pior ainda quando ele pediu em notas pequenas, que exigiriam uma quantidade maior de notas e fariam um volume grande. Mas o Sr. Getúlio era um cliente antigo, amigo dos funcionários, e não custava agradá-lo - ainda que ele estivesse praticamente fechando a conta.

A preocupação do gerente era com a segurança do cliente, pois o dinheiro daria diversos pacotes, impossível de carregar nos bolsos, e por isso ele se aproximou do caixa e perguntou como ele faria para levar aquela grana toda.

O Sr. Getúlio deu uma risadinha irônica e tirou uma cordinha tipo barbante do bolso, dizendo que estava tudo sob controle. Foi empilhando as notas, à medida que o caixa ia lhe passando o dinheiro, e amarrando com a cordinha, fazendo diversos montinhos. Ninguém estava entendendo nada e o pessoal começou a ficar curioso, mas não tinham coragem de perguntar.

Quando todo o dinheiro já havia sido colocado em cima do balcão e devidamente empilhado e amarrado, o Sr. Getúlio agradeceu, se despediu, derrubou tudo no chão e saiu puxando o dinheiro pela cordinha.

O gerente se aproximou de novo, assustado, e perguntou o que estava acontecendo, temendo pela segurança do cliente, mas a resposta o deixou desconcertado:

"A vida inteira eu corri atrás de dinheiro; agora é hora do maldito dinheiro correr atrás de mim".

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Causo

O Paiva é um sujeito cheio de causos, quase sempre mais ou menos verdadeiros, que ele presenciou, ouviu dizer ou inventou. Mas pode ser que não seja bem assim, quem vai saber ??!?!?
Causo (substantivo masculino): a causa ou o motivo; narração curta, geralmente falada; conto, história, caso; o ocorrido, o acontecido.