Na hora que a loiraça entrou no cartório eleitoral, tornou-se o foco de todos os olhares de quem esperava para ser atendido. As cadeiras eram incômodas, a temperatura desregulada, não havia revista para ler e toda hora a atenção era desviada das telinhas dos celulares para a telona do monitor de chamadas, portanto a presença de uma figura tão singular chamou mesmo a atenção de todos.
Em razão do tipo de serviço que ela solicitou na triagem, nem teve que esperar muito e foi chamada rapidamente. E entrou toda rebolativa na área das mesinhas destinadas ao atendimento, dominando o ambiente também dos funcionários. Especialmente do servidor que a estava chamando, solteiro e há diversos dias longe de casa, que começou a salivar com vontade vendo a presa se aproximar. "Essa é do meu número" foi o primeiro pensamento que lhe passou pela cabeça.
A apresentação foi curta, apenas um "bom dia" protocolar, insuficiente para descobrir a idade, o estado civil e outras coisas que o atendente estava interessantíssimo em saber. Mas, até aí, tuuuudoo bem.
O serviço solicitado era bem simples, correção de nome no título de eleitor, atividade que se faz com base no documento de identidade ou certidão de nascimento. Mas ao invés de entregar um desses documentos, a loirona entregou uma decisão judicial. Incompreensão no ar... Mas como decisão judicial é coisa séria, o servidor resolveu prestar atenção na papelada.
Mas só conseguiu prestar atenção no primeiro parágrafo, depois disso perdeu completamente o rebolado. O serviço solicitado estava correto, a decisão era mesmo para correção de nome. A loiríssima passou a se chamar Beatriz, livrando-se de vez do nome original de fábrica: Waldemar !!!!!!
Difícil para o funcionário foi voltar a trabalhar depois do susto, desiludido com a surpresinha proporcionada pela "Bia" e incomodado com a zoação dos colegas.