domingo, 22 de junho de 2014

O Terminal

Ontem me senti assistindo novamente ao filme O Terminal, de 2004, aquele em que o Tom Hanks chega aos Estados Unidos, o país de onde ele veio sofre um golpe de Estado e ele é obrigado a ficar no aeroporto de Nova York sem poder entrar nos USA nem voltar para o seu país. Aconteceu parecido enquanto eu dava plantão na fronteira terrestre entre Brasil e Bolívia, ontem.



Sim, ontem, sábado, para os engraçadinhos que adoram rir dos meus descansos mas não sabem das minhas horas de trabalho.

Passava um pouco das 18 horas quando um casal aparentemente de gringos procurou a RFB para saber o que fazer a respeito da imigração (responsabilidade da Polícia Federal, não da Receita Federal, mas nas fronteiras normalmente os dois órgãos são muito confundidos). Eles haviam saído da Bolívia, carimbado normalmente os passaportes, mas não podiam dar entrada no Brasil porque a PF já havia encerrado as atividades naquele horário.

A sorte é que apenas a mulher é alemã, o rapaz é brasileiro, então pelo menos a comunicação foi fácil. Difícil foi explicar para a moça que o melhor era ela entrar no Brasil, passar a noite em Corumbá e procurar o posto da PF no dia seguinte, para regularizar a situação. E o medo dela em ser presa no Brasil por entrada ilegal ?! Ela queria passar a noite na ponte entre Brasil e Bolívia, pois na lógica alemã e racional dela, eles não podiam voltar para a Bolívia porque já haviam saído de lá, mas também não podiam entrar no Brasil porque a Imigração brasileira não havia autorizado a entrada deles. Ela queria passar a noite dentro do carro e ainda estava com medo de ser detida.

Após muita conversa para explicar a diferença entre Alemanha e Brasil (e entre Bolívia e Brasil, que também é muito grande mas eu não posso contar sem gerar um incidente diplomático), eu e um colega conseguimos convencê-los a passar a noite em Corumbá e voltar até a fronteira no dia seguinte, sem medo de prisão ou algo do gênero.

O final da história eu não sei com certeza, mas posso dizer que encontrei com o casal hoje pela manhã, andando pela cidade, antes de voltarem à fronteira para regularizarem a situação. Conversei com eles e a alemã estava feliz da vida por ter aproveitado a Festa Junina de Corumbá sem ser presa.